Nós temos uma tradição de prevenir doenças infecciosas utilizando a estratégia de vacinas, como intuito de impedir ou minimizar algum agravo infeccioso à saúde. A busca por uma vacina preventiva anti-HIV tem se tornado um esforço compartilhado por muitos países, governos, pesquisadores e é muito desejada, uma vez que a epidemia continua a difundir-se mundo afora. Pela limitação do conhecimento e das tecnologias existentes no momento, perdemos no horizonte de curto e médio prazos, uma vacina que diminua as taxas de novas infecções por HIV.

Neste cenário surge a Profilaxia Pré exposição (PrEP). Trata-se basicamente de intervenções medicamentosas que diminuem ou mesmo impedem novas infecções por HIV em populações com risco de infecção por HIV, possuindo índices de eficácia acima de 95%. Por ora, utilizamos uma combinação de dois medicamentos antirretrovirais orais, combinados em um único comprimido, são eles tenofovir e entricitabina. Estão disponíveis no momento duas estratégias de uso. A de uso contínuo, tomando o medicamento todos os dias, com indicação para pessoas com vida sexual mais ativa. Existe também a estratégia de PrEP sob demanda, que consiste em uma tomada de dois comprimidos pelo menos duas horas antes da relação sexual e um comprimido tomado por dois dias consecutivos após a relação. Esta estratégia esta mais indicada para pessoas que possuem uma vida sexual menos ativa, e uso pontual na ocasião necessária.

Vale lembrar que esta estratégia de PrEP, seja a de uso contínuo, seja a de uso sob demanda, são de alta eficácia em impedir a contaminação por HIV. No entanto, eles não possuem nenhuma ação preventiva contra outras infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), e esta abordagem requer testagens regulares não só para o HIV, mas para outras ISTs também. Uma vez detectada alguma IST prontamente deve ser tratada.

Além da alta eficácia na prevenção do HIV, alguns estudos têm ressaltado os impactos positivos da PrEP na qualidade de vida sexual. O medo de contaminação por HIV muito presente, em especial entre a população de homens que fazem sexo com outros homens, pode ser amenizado pelo uso da estratégia de PrEP. Desta maneira, trazendo maior tranquilidade durante as práticas sexuais, e consequentemente tornando as relações mais prazerosas.

A melhoria da qualidade de vida pode ser notada devido a benefícios que vão além da saúde física, com repercussões extremamente positivas para a saúde mental e emocional. Vale lembrar o uso correto das medicações, visitas regulares ao médico incluindo testagem para HIV e outras ISTs periódicas, pois o objetivo final é ter uma vida sexualmente sadia e prazerosa.


Eduardo Ronner Lagonegro